9 de novembro de 2008

RIO

Heráclito: "Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio."
Concordo plenamente.
As coisas mudam com o tempo.
Principalmente, nós mudamos com o tempo.
A vida é uma sucessão de momentos. São pedaços construídos ao longo de muitos dias, horas, minutos. O passado não volta... Não revivemos esses momentos, mesmo se estivermos outra vez com os mesmos pedaços. O tempo em nós é como o vento que bate todos os dias em uma rocha: lapida, muda, dá forma.
Ao voltarmos à velha casa, a fechadura da porta tem um ferrugem nova, e nós temos os cabelos brancos. Embora seja a mesma casa e a mesma face.
É necessário deixar a água do rio passar, e a corrente precisa mesmo correr para o seu mar. Tudo isso faz com que as margens mudem porque quando a correnteza passa arrasta pedras e folhas sedimentando-a.
Jamais vamos entrar no mesmo rio duas vezes. Não será o mesmo rio, não serão as mesmas águas.
O homem também mudou. É como se fosse uma colcha de retalhos: marcas e cicatrizes, lembranças e experiências que preenchem e trasnformam.
E é preciso aceitar tudo isso, conviver com a fulgacidade que movimenta a vida. Sobreviver quando acabar o que era efêmero. Aquela brasa que se apagou um dia... A nova fogueira será diferente.
Não deve haver desespero porque o rio continua no campo e o homem ainda está vivo. É só uma questão de adptação.
"Aqui dentro sempre como uma onda no mar."

2 comentários:

Lívia. disse...

E ainda existirá a beleza das águas e o charme das faces, ainda que mudadas.
Ainda que não seja o mesmo rio será aconchegante. Ainda que não seja igual se manterá forte.
Tudo pode ficar ainda mais bonito, ainda que a brasa se apague. O importante é que pra sempre exista fogueira!

Obrigada, Ju! ;*

Juliana Fontes disse...

Por nada, Livinha.
É o meu jeito de ajudar.
Sim, tudo que passa deixa alguma coisa.

Beijos.